domingo, 31 de janeiro de 2016

Tomaz Miranda - Saudades dos Meus Botequins

Sugerido pelo amigo Rui Xavier, sempre com bom gosto.


Letreiro em neon, visual requintado
Gerente enrustido, garçom afetado
Carta de vinho no couro dourado
Camarão com sotaque, tofu defumado

É point da moda, não sai dos jornais
Cheio de frescuras e artistas globais
Toilet exalando perfume, florais
Pitboys patricinhas falando demais
Em boteco de grife eu não piso jamais

Eu sinto saudade dos meus botequins
Salão e cozinha pra lá de chinfrim
Feijão mocotó fervendo na panela
E um gato dormindo em cima da janela

Pastel, empadinha, jiló na terrina
Banheiro com cheiro de naftalina
O porre, a paquera, a conversa fiada
E a dor de corno que virou piada
Nos meus botequins a vida era engraçada

Eu sinto saudade dos meus botequins
A conta assinada num velho papel
Cardápio na porta escrito a giz
Azulejo pintado com anjo no céu
O samba na mesa de mármore antigo

O ovo colorido enfeitando o balcão
A cerveja gelada tirando o juízo
E os sonhos cobrindo a serragem no chão
E no alto o São Jorge matando o dragão

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Entramos para o hall da fama... Do Bar do Pita



O blog está engalanado de honra. 
Nosso amigo Ari, filho do Pita... (opa, olha  o quase cacófato aí, gente!!!!).  Como ia dizendo, o Ari imprimiu o texto feito sobre o local por este blog  e o colocou em destaque no hall da fama do Bar do Pita, em Ouricuri, sertão pernambucano. 

Ao lado de cartazes de times de futebol campeões, está lá agora o nosso "Tire as mãos do meu pé sujo".

Num bar que, além de clubes campeões, tem fotos de Elvis Presley, Patativa do Assaré, Luiz Gonzaga e Beatles, só podemos estar orgulhosos em nos perfilarmos ao lado destas grandiosidades do mundo artístico e futebolístico.

Obrigado, Pita e Ari, vocês merecem todas as nossas homenagens. 


Observação do Washington: 
Só está faltando o cartaz do glorioso Santos Futebol Clube, mas isso é uma dívida minha para com o Pita, pois ele já se comprometeu em resolver esta importante lacuna. Basta eu levar o cartaz, o que farei assim que puder voltar a este bar de alma embargada e embriagada. 


Fotos de Claudia Tavares, a quem este blog agradece muito.

Aqui o links anteriores sobre o bar:

http://meupesujo.blogspot.com.br/search?q=Bar+do+Pita

http://meupesujo.blogspot.com.br/2015/03/bar-do-pita-e-suas-aranhas.html

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Botecos nordestinos

Infelizmente, o blog já tirou os pés do Nordeste brasileiro mas continua com a cabeça lá. 

Aqui fachadas e interiores de alguns dos botecos que o blog teve o prazer conhecer em sua excursão pelo sertão nordestino. 

 Bar em Orocó, nas margens do São Francisco, sertão pernambucano
 Muitos bares no sertão pernambucano deixam pintar suas fachadas com as cores e a marca da cachaça Pitu. Nós, do blog, entendemos que isso tira a personalidade dos botecos. Solicitamos, portanto:
Ypióca tire as mãos dos pés sujos nordestinos.

Budega em Caraibeiras, onde tem de tudo um pouco, mas que vende principalmente a "marvada" da cachaça.



Normalmente, os bares fecham na hora do almoço e só abrem depois das 16 horas.





 Outra gostosa tradição nordestina: comer um bode assado e tomar umas nas sombras de árvores.




 Salutar proibição, pois os sons estridentes de carros são uma praga no sertão.


sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

De volta ao Pita, um bar com futuro




O blog visitou o Bar do Pita, em Ouricuri, Pernambuco, depois de ter recebido informações sobre as peculiaridades do próprio, em março de 2015. Confira abaixo o link.

O enviado especial do blog ao sertão pernambucano, Washington Araújo, não só visitou o bar, como esteve na casa de campo, onde chamam de roça, do senhor Pita. 

Aos 69 anos de idade e 42 de bar, Pita diz, fazendo graça sem rir, que todos os frequentadores de sua casa comercial têm futuro, menos ele. 

Frequentadores sabedores de que não devem pedir nada de comer preparado naquele bar, pois só tem líquidos. 

Só uma exceção: frutas. Caju, laranja, acerola, seriguela são ofertadas pelo senhor Pita a sua seleta freguesia que degusta entre outras preciosidades o Oisque, bebida com ervas preparada pelo proprietário, cuja receita é segredo de estado. 

E quem quiser que traga seu bode assado ou outra iguaria de casa ou do boteco próximo. Sem pagar "rolha". 

E, conforme já foi nos adiantado pelo especialista em Sertão, Manu Castro (não deixem de ver o link), nada tira o senhor Pita do sério. Ou melhor, quase nada. Pede-se não mexer em suas garrafas empoeiradas, com teias de aranha que tem em suas prateleiras. 

Sendo assim, o bar do Pita é só paz, com ilustrações nas paredes que vão de times de futebol a Elvis Presley, Beatles e Patativa do Assaré. 

Este escriba, depois de provar do Oisque, cometeu a ousadia para uma pessoa criada no sudeste brasileiro de degustar do cérebro de um bode. Não me perguntem sobre o sabor, pois estava em estado de torpor total. 

Neste dia, o senhor Pita e filhos também tomaram algumas ou como informou o patrono: se afogaram na cachaça. 

 Obrigado, senhor Pita, pela hospitalidade.

Que mais bares de Pita apareçam no caminho deste blog. 

Amém.

http://meupesujo.blogspot.com.br/search?q=pita








quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Personagem de livro, um dono de bar com corpo e alma de sertanejo





O blog tem andando pelos bares do sertão do nordeste, mais precisamente pela região pernambucana. 

Daremos notícias por aqui. 
Notícias boas, pois os bares, logo as pessoas, daqui estão vivendo e bebendo bem. 

Mesmo com uma quase estiagem de quatro anos - dizemos quase em razão de que de vez em quando cai uma chuvinha de leve - a vida vai bem por estas paragens.

Os bares estão movimentados e o nordestino faz o que sabe fazer melhor: amizades.

Começaremos nossa saga pelo bar budega de José Álvaro, em Floresta do Navio, cidade sertaneja próxima do Rio Pajeú que, como diz o Rei do Baião, vai desaguar no São Francisco.

Aqui, fomos entregar o livro de fotografias Ser Tão, do amigo do blog Lídio Parente. 
O autor não pode comparecer à entrega, mas lá estava Josedalva Queiroz de Sá, que muito colaborou com a feitura do mesmo. 

José Álvaro, há 39 anos a frente de seu bar, abriu um belo sorriso, um sorriso de gratidão ao se ver no livro. 

E com a alma dos bons, o homem foi olhando página por página da obra, apreciando com embevecimento. 

A palavra mais utilizada por José Alvaro era "maravilha".

Maravilha foi entregar o livro ao mesmo e vê-lo sorrir feito criança que ganha um doce. 

Maravilha foi tomar uma geladinha ao seu lado, enquanto folheava o livro.

Maravilha foi poder fotografar e trazer para os nossos amigos deste blog mais um bar com alma de pé sujo. 

Alma sertaneja. 






















Por Washington Araújo.
Colaboraram Josedalva Queiroz, Carmen Adário e Manú Castro.