Ele freqüentava sempre aquele bar nada luxuoso, mas que é um aconchego para quem chega de um estafante dia de trabalho para desabafar as mágoas e entrar nas águas. Água não propriamente dita, mas aquela que o povo diz que passarinho não bebe.
Um dia ele desapareceu. Não ia mais até o Bar do Careca. Bar campeão do Comida di Buteco pela sua língua com um molho sensacional.
Boteco que se preza não dispensa uma boa língua. A língua dos clientes que a metem em tudo. Imagine um boteco que, além desta língua ferina e necessária, tem ainda aquela de boi, bem cozida. Língua que derrete na boca.
Estou me perdendo pela língua. Só sei que o homem, empresário, executivo, que sempre ia até o Careca para estalar a língua sorvendo um branquinha, desapareceu. E as línguas, dos homens, começaram a discutir sobre o que houve com o homem.
Num dia de calor, com o bar cheio de convivas, surge uma senhora altiva, salto alto, vestido longo, negro. Vai direto ao Careca e diz: “Sei que ele adorava aqui. Chegava em casa mais tranqüilo... Agora ele não está mais entre nós. Morreu num acidente de carro”.
Era a esposa do homem, que veio dar a notícia ao Careca. E junto ao comunicado trouxe outra informação: “Sabe o que é? É que meu marido tinha uma coleção de cachaças preciosas. Ele guardava com todo o carinho... Pensei muito. Não adianta recusar. Vim aqui para dizer ao senhor que doarei toda a coleção para o seu bar”.
Está agora o Careca pensando em como vai expor a preciosidade daquele cliente que não mais senta naquela cadeira, mas que será eternizado pela sua coleção de preciosidades etílicas. Vida eterna...
O causo foi recontado por mim (Washington), mas a história é real.
Na foto, amigos do Rio de Janeiro e de Minas. O Careca é que está de pé.
domingo, 28 de junho de 2009
Herança bendita
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Bar do coração
Para uma população de cerca de 5.000 habitantes que bebem, Cordisburgo conta com mais de 50 botecos.
Mas a fidelidade não está, necessariamente, ligada a detalhes de tão somenos importância, como o atendimento e a estrutura.
Pelo menos não em Cordis...
E, para provar o que digo, conto que nos saudosos anos 80, havia em Cordis um bar(?), boteco(?), barraca(?) - não sei que termo usar - na rua principal da cidade, de frente para o crime, feito de madeira, bem rústico (foto acima).
Todos queriam ficar lá. Mas lá não tinha banheiro. Como beber cerveja num bar sem banheiro?
Para sanar o problema, a então proprietária usou sua “criatividade” e reservou um espaço de um metro por um metro nos fundos do bar
e lá colocou um balde para os seus fidelíssimos clientes fazerem uso nos momentos de aperto.
Não é o máximo????
De Gisele, nossa correspondente em Cordisburgo, terra de Guimarães Rosa.
Não é o máximo?????